terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Memórias da História, Carolina Duque e Maria Galésio

Família

A Implantação da República trouxe uma certa democratização da sociedade portuguesa, que se traduziu numa maior liberalidade das convenções sociais. As mulheres ganharam maior liberdade de acção, mas na família portuguesa a autoridade paterna continua viva durante a década de 1910.
A democratização republicana não entrou nos lares portugueses onde é o pai que manda

O pai sustenta a família e a mãe faz a gestão doméstica. A educação das crianças é tarefa da mãe, mas o castigo cabe ao pai.

Educação Austera

Os padrões dos anos 10 são austeros. O papel das crianças nos primeiros tempos da República era aprender as lições, brincar sem incomodar os adultos e manter as boas maneiras.
As crianças não expressam as suas opiniões, não interferem nas conversas dos adultos e à mesa já sabem que não falam nem cantam. Mas isto nas famílias da burguesia e das classes superiores, porque nas classes rurais e proletárias a situação é muito diferente.
Também nestas o pai continua a ser a autoridade máxima em casa. Mas, na maioria dos casos, as crianças começam a trabalhar muito novas. Tanto o pai como a mãe trabalham de sol-a-sol. O tempo que resta para a educação ou para qualquer outra actividade é quase nulo.
Assim, as cidades vão criando os seus pequenos e desembaraçados «reguilas», nas ruas dos centros urbanos e que resultam da necessidade de crescer depressa.

Gerações de contestatários

A atitude desafiadora nos jovens acontece perante a família mas também perante a sociedade. E ainda que a delinquência seja um perigo à espreita, é verdade que o espírito contestatário desta geração os vai ajudar a ganhar consciência política e a criar formas de organização e de luta reivindicativa que tantas dores de cabeça vão trazer aos diversos governos republicanos ao longo de décadas.


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