quinta-feira, 27 de maio de 2010

Teófilo Braga, por Raquel Copeto do 6ºC e João Santos do 6º B. Ainda as contribuições em prosa e em verso do 6º A e C


O SAL E A ÁGUA
Um rei tinha três filhas e perguntou a cada uma delas, por sua vez, qual era a mais sua amiga. A mais velha respondeu:
– Quero mais a meu pai do que à luz do Sol.
Respondeu a do meio:
– Gosto mais de meu pai do que de mim mesma.
A mais moça respondeu:
– Quero-lhe tanto como a comida quer o sal.
O rei entendeu por isto que a filha mais nova não o amava tanto como as outras, e pô-la fora do palácio. Ela foi muito triste por esse mundo fora, até chegou ao palácio de um rei. Aí ofereceu-se para ser cozinheira. Um dia veio para a mesa um pastel muito bem feito, o rei ao parti-lo achou um anel muito pequeno e de grande preço. Perguntou a todas as damas da corte de quem seria aquele anel. Todas quiseram ver se o anel lhes servia: foi passando, até que foi chamada a cozinheira e só a ela é que o anel servia. O príncipe viu isto e ficou logo apaixonado por ela, pensando que era de família de nobreza.
Começou então a espreitá-la, porque ela só cozinhava às escondidas, e viu-a vestida com trajos de princesa. Foi chamar o rei, seu pai, e ambos viram o caso. O rei deu licença ao filho para casar com ela, mas a menina tirou por condição que queria cozinhar pela sua mão o jantar do dia da boda. Para as festas de noivado convidou-se o rei que tinha três filhas, e que pusera fora de casa a mais nova. A princesa cozinhou o jantar, mas nos manjares que haviam de ser postos ao rei seu pai não deitou sal de propósito. Todos comiam com vontade, mas só o rei convidado é que não comia. Por fim perguntou-lhe o dono da casa, por que razão é que o rei não comia. Ele respondeu, não sabendo que assistia ao casamento da filha:
– A comida não tem sal.
O pai do noivo fingiu-se raivoso e mandou que a cozinheira viesse, ali, dizer por que é que não
tinha deitado sal na comida. Veio então a menina vestida de princesa, mas assim que o pai a viu, conheceu-a logo, e confessou ali a sua culpa, por não ter percebido quanto era amado por sua filha, que lhe tinha dito, que lhe queria tanto como a comida quer o sal, e que depois de sofrer tanto nunca se queixara da injustiça de seu pai.
Teófilo Braga

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